Cientistas estudam anomalia magnética no Sul e Sudeste do Brasil
Você sabe o que é AMAS?
Esta sigla é a abreviação de Anomalia Magnética do Atlântico Sul, uma defasagem na proteção magnética da Terra situado sobre o Atlântico Sul. Ela fica acima das regiões Sul e Sudeste do Brasil e segue até o Continente Africano.
Especialistas se reuniram para tentar entender o funcionamento desse fenômeno a partir do estudo do campo magnético do planeta. Eles afirmam que as variações de intensidade da força e direção do mesmo podem gerar efeitos diversos, como a AMAS.
”Por que as agências espaciais têm interesse na anomalia? Porque como essa região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar entram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela área é muito mais intenso. Isso faz com que os satélites, quando passam por essa região, tenham que, por vezes, ficar em stand by, desligar momentaneamente alguns componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que venha a queimar”, afirmou o doutor em Física e pesquisador do Observatório Nacional, Marcel Nogueira.
Por a radiação ser muito forte nessa região, é de interesse das agências espaciais monitorar de forma constante a evolução dessa anomalia. No momento, ela é monitorada por agências do Brasil, a ESA (Agência Espacial Europeia) e a Nasa (agência espacial norte-americana).
Precaução de blecautes
Nos últimos 200 anos, o campo magnético perdeu 9% de força, sendo que o impacto é maior na região onde se encontra a anomalia. A ESA fez um alerta para o crescimento gradativo da AMAS e a possibilidade de tempestades magnéticas, quando a tecnologia da Terra fica instável.
Marcel Nogueira afirma que a compreensão do funcionamento dessa anomalia pode ajudar a precaver blecautes e mencionou o incidente de Quebec, no Canadá, em 1989 como exemplo. Na ocasião, milhões de habitantes ficaram sem energia elétrica.
“[…] Na vida que a gente tem hoje em dia, tão dependente da tecnologia, qualquer tipo de apagão no sistema elétrico, de qualquer país, gera prejuízo de milhões ou até bilhões de dólares. É algo muito importante para nossa vida tecnológica”, afirmou Nogueira.
A AMAS está relacionada aos misteriosos eventos do Triângulo das Bermudas. Todavia, Nogueira afirma que o fenômeno é somente mais um desafio tecnológico e que não existem conclusões que apontem riscos das radiações cósmicas na vida humana.
Trabalho desenvolvido no Brasil
No Brasil, há dois observatórios magnéticos que, entre outros objetivos, têm trabalhado para responder questionamentos sobre a AMAS. Um deles fica em Vassouras, no Rio de Janeiro, e o outro em Tatuoca, no Pará. Ambos fazem parte da Rede Global de Observatórios Magnéticos (Intermagnet).
Nogueira afirma que os trabalhos feitos pelos satélites na órbita do planeta e os desenvolvidos pelos observatórios, em solo, se complementam.
Via: CNN Brasil.