O CEO da LATAM, uma das maiores companhias aéreas no Brasil, Jerome Cadier, criticou a administração da pandemia feita pelo governo em uma entrevista ao jornal Estadão sobre os efeitos da mesma no setor aéreo.
Segundo o executivo, embora outros países também não estejam lidando tão bem com a pandemia de COVID-19, a sensação é que falta gestão no Brasil.
“O Brasil está no grupo que claramente sofre mais com a crise. Assim como uma empresa, um governo lida com a realidade e com a percepção. E, hoje, o país está sofrendo pelos dois. A gente sofre pela realidade, porque os números (de casos e mortes) estão muito ruins, mas a gente também sofre com a percepção de que existe uma politização do tema da saúde e um desalinhamento entre municípios, estados e federação”, afirma o CEO.
Cadier também fez críticas ao fato que alguns membros do alto escalão do governo não usam máscara e a falta de transparência do governo sobre a situação da pandemia de coronavírus.
Situação do setor aéreo durante a pandemia de COVID-19
Fatores como o aumento do valor do combustível para aeronaves, a desvalorização do real e as restrições de viagem impostas por outros países agravam a crise econômica enfrentada pelo setor aéreo brasileiro.
O CEO afirmou que 60% dos custos da LATAM são em dólar, como o aluguel das aeronaves, os softwares usados pela empresa e o treinamento especializado proporcionado aos colaboradores.
Para Cadier, três medidas podem acabar com esses problemas. São elas:
- Ampliação da capacidade de atendimento aos infectados pela COVID-19;
- Distanciamento social; e
- Ajuda econômica para empresas e pessoas que perderam renda em razão da pandemia.
Essas medidas foram adotadas por países que conseguiram frear o avanço da pandemia em seus territórios, como a Inglaterra, a Austrália e a Nova Zelândia.
“Pode chegar a um extremo de lockdown, mas falhamos em coisas mais básicas. O uso de máscara, por exemplo. Até pouco tempo atrás, muitos do governo não eram vistos com máscara em ambientes públicos. Havia eventos juntando muita gente, o que é preciso evitar. A mensagem não foi consistente. Nas últimas duas semanas, vi mais gente do governo com máscara do que vi nos últimos 12 meses. Tem de ser assim”, afirmou ele ao Estadão.
Por outro lado, Cadier elogiou algumas das medidas de ajuda ao setor aéreo, como a cessão de espaço de pátio em bases aéreas, para que as aéreas pudessem estacionar os seus aviões gratuitamente, e a postergação de recolhimento de taxas aeroportuários e do reembolso de passageiros.
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Perspectiva para o pós-pandemia
O CEO da LATAM espera em o mesmo volume de passageiros que tinham em 2019 retornem em 2023, mas o faturamento vai demorar muito para retornar ao cenário normal. Ele afirma que é difícil precisar o retorno exato do faturamento para as companhias aéreas. A situação pode melhorar em 2024 ou somente em 2026, dependendo de como será a administração da pandemia de COVID-19.
Via: Estadão.