A vontade de viajar pode não ser somente uma preferência ou desejo pessoal. Essa necessidade de estar sempre entre os ares, em um avião, ou na estrada, em um carro, ônibus ou motorhome, pode ter ligação com a genética.
Chamada de “gene do wanderlust”, uma variante do DRD4, receptor de dopamina acoplado à proteína G, pode explicar a inclinação a se jogar em aventuras e a buscar por novidades comum entre viajantes.
Estudos estimam que 1 em 5 pessoas possuem a mutação desse gene.
Gene do Wanderlust: vontade de viajar é uma herança genética?
A variante DRD4-7R está conectada a uma sensibilidade menor à dopamina. Essa, por sua vez, é conhecida pelo “hormônio da felicidade”, pois, quando liberada, provoca sensações de prazer e satisfação.
Um estudo conduzido pelo National Geographic mostra que, por gerenciar a dopamina de maneira menos eficiente, o gene DRD4-7R pode afetar o comportamento, tornando-o mais inclinado a correr riscos.
As viagens podem ser consideradas um tipo de risco à rotina, certo?
Quando as pessoas viajam, elas se deslocam para ambientes desconhecidos ou pouco familiares, interagem com pessoas que nunca viram antes e aceitam fazer atividades que, normalmente, não fariam.
Além disso, a pesquisa mostrou que o gene DRD4-7R tem relação com curiosidade aguçada e sensação de inquietação, levando os seus portadores a buscarem novas experiências com mais frequência.
Outro pesquisador, o professor de psicologia da Universidade Nacional da Singapura, Richard Paul Ebstein, dedicou 20 anos de sua carreira a estudar essa variante.
De acordo com ele, a DRD4-7R traz uma inclinação a buscar emoções. Como se possui dificuldade para gerenciar a dopamina no cérebro, o indivíduo precisa “compensar” os níveis baixos por meio de experiências que despertam entusiasmo e felicidade.
As viagens são uma alternativa para solucionar esse problema!
Entretanto, alguns indivíduos podem recorrer a outras formas de compensar a dopamina, como, por exemplo, praticar esportes ou atividades radicais.
Possível origem da vontade genética de viajar
Um estudo anterior do National Geographic demonstrou que o gene da vontade de viajar foi encontrado com maior frequência em populações que migraram para mais longe da Pangeia.
A Pangeia era, segundo teorias, o bloco único que continha os continentes que conhecemos hoje. Isso, é claro, há milhões de anos. Com a movimentação das placas tectônicas, pedaços de terra foram, gradualmente, se afastando uns dos outros.
Com isso, o estudo concluiu que a variante do gene DRD4 pode ter sido formada em populações migratórias que precisavam se deslocar para encontrar comida e território.
Entretanto, não há um consenso na comunidade científica acerca da origem ou da ligação do DRD4-7R ao desejo de viajar.
O que se sabe, até então, é que ele possui uma ligação certeira com a busca por experiências que despertem emoções fortes, como aquelas que fazem o coração palpitar.
Via: Verdict.