Os preços das passagens aéreas devem cair após a quarentena. Embora as companhias aéreas estejam mergulhadas em uma crise financeira, esta é uma das previsões de economistas para o cenário turístico e de aviação depois da flexibilização do isolamento social.
Esta afirmação é contrária a algumas previsões feitas em semanas e em meses anteriores. Entretanto, ao observar o comportamento de consumidores de outros países, como os chineses, por exemplo, foi possível deduzir que as empresas precisarão se mexer para estimular a demanda.
De acordo com a Associação Internacional de Companhias Aéreas (IATA), em abril, houve redução de 94,3% na demanda por viagens nacionais e internacionais. Este foi o pior resultado da história. A Associação prevê a queda dos valores principalmente em trechos competitivos.
Fatores influenciadores
Veja alguns dos principais fatores que influenciarão os preços das passagens aéreas.
Combustível
O preço do combustível hoje é cerca de um terço menor do que era antes da pandemia de COVID-19. Este é um fator positivo que possibilita as empresas abaixarem as tarifas. Em contrapartida, por conta das modificações feitas no modelo operacional para seguir protocolos de segurança e de higiene, as empresas precisarão investir mais em suas operações.
Operacional
As empresas aéreas gastaram para seguir as medidas preventivas contra o novo coronavírus, resultando em um aumento de custos operacionais. A medida mais custosa foi o bloqueio do assento do meio.
Sem ele, as empresas seguem as normas de distanciamento social, mas, consequentemente, recebem menos passageiros. Segundo a IATA, para cobrir os custos com os voos, as aeronaves precisam voar com, pelo menos, 75% de ocupação. No atual cenário, é impossível alcançar este valor mínimo.
Como a tendência é de queda no valor das passagens aéreas, as empresas acabarão operando no prejuízo.
Algumas empresas aéreas, como a americana Frontier Airlines, estão testando soluções para compensar a falta de passageiros.
A companhia criou uma taxa chamada ‘More Room’, ou mais espaço, para garantir que o assento do meio esteja livre durante a viagem. A cobrança extra elevou o preço da passagem em, pelo menos, US$ 39. A iniciativa, contudo, foi alvo de críticas e perdurou por apenas 48 horas.
Comportamento
O comportamento dos passageiros vai afetar o comportamento das empresas aéreas. Estas precisarão estimular o desejo de viajar de alguma forma. Embora muitas modificações tenham sido feitas para garantir a segurança dos passageiros, a dúvida e o medo ainda são constantes no setor de turismo.
Outro fator é a situação econômica dos passageiros, as quais também foram afetadas pela pandemia do novo coronavírus. Demissões em massa e redução da carga horária, resultando em diminuição do salário, afetaram o poder de compra dos passageiros.
Ajuda do governo
Os governos são peças-chave na recuperação do setor aéreo nacional e internacional. Até o momento, o acordo entre as empresas aéreas brasileiras e o BNDES ainda não é conclusivo. Para as principais companhias do Brasil (GOL, Azul e LATAM), o valor estimado de socorro financeiro ainda é pouco.
Muitas companhias de diversos países pediram ajuda dos governos locais para se recuperarem durante a crise financeira. O governo canadense tem agido devagar em fornecer ajuda financeira para as empresas. Neste cenário, a Air Canada, principal companhia aérea do país não espera voltar a mesma de capacidade que possuía em 2019 até 2024.
Aumenta ou diminui?
A própria IATA, em outra previsão, também prevê um aumento considerável nos valores dos bilhetes aéreos
Embora os valores das passagens aéreas e dos pacotes de turismo estejam extremamente baixos agora, as promoções e descontos podem não perdurar por muito tempo. Isso porque as empresas precisarão compensar a ocupação abaixo do esperado. Sem o assento do meio, as aeronaves chegam, em média, a somente 62% de ocupação.
A mesma situação aconteceu nos dias posteriores ao ataque terrorista de 11 de setembro, em 2001. Houve uma queda de 18% nos valores no período inicial. Aos poucos, os preços foram subindo e chegaram a marca dos 25%. Em 2003, as passagens aéreas estavam 35% mais caras.
Em um futuro próximo, porém, a tendência é que os valores sejam mais baixos e permanecem assim até o fim de 2021. A partir de 2022, contudo, os preços das passagens aéreas devem aumentar exponencialmente como aconteceu entre 2001 e 2003.